segunda-feira, março 11

No limite do Verso

"Afina, qual é o limite do verso?
Quando chegamos ao horizonte?"
"Plenamente" - No limite do verso



No limite do verso é o primeiro livro de Carmem Maria Bastos, uma escritora que veio para abalar as estruturas da poesia brasileira moderna. 
Já no seu primeiro livro sentimos o impacto das palavras e da forma, somos lançados a todo momento no vazio e puxados à tona sem aviso. Seu primeiro impulso é lê-lo num estirão, para depois ser arrastado a uma nova e profunda leitura de cada poema minuciosamente.

A autora me presenteou com uma entrevista sobre seu livro, suas influência e os planos para o futuro. Confira abaixo.

Eu: Você sempre quis ser escritora? Ou poeta? 
Carmem: Bem isso exige muita reflexão de minha parte. Sempre escrevi contos, crônicas e poemas, no entanto eu achava que os poemas eram isolados e para meu espanto com o tempo comecei a ver que eles eram mais presentes do que eu imaginava. Digo, sempre acabo escrevendo de algum modo, poeticamente do contrário tenho que parar e me concentrar muito. qdo escrevo poemas estou de certa forma a serviço da poesia tenho a inspiração e depois trabalho muito em cima dela, não posso escrever um poema mecanicamente, pq ele não é dado de pronto, uso técnica sim mas isso é bem depois, qdo já há o ‘esqueleto’ já com os contos acho que o processo é mais mecânico desde o início porque sabemos qtos personagens queremos, como eles são, qual o enredo, etc, na poesia não dá para saber onde vai o poema.
Meus pensamentos: (e eu que pensei que era só sair escrevendo)


Eu: Como surgiu a ideia de publicar um livro?
Carmem: Como falei sempre escrevi ,mas publicar não passava em minha mente, por motivos óbvios como mercado e até timidez mesmo. Comecei a pensar na publicação por conta dos amigos. Eles gostavam dos textos, pediam e sempre me convocavam para escrever e também houve incentivo de muitos de meus professores então comecei este caminho.

Eu: Quando começou a ser gerado o No limite do verso?
Carmem: Há mais ou menos 2 anos, quando eu só sabia o título.

Eu: Qual o seu poema preferido no seu livro?
Carmem: Meu preferido é o ‘Final’ fiquei muito contente em ter conseguido termina-lo, levei 3 meses.

Eu: Quais foram suas maiores influências, inspirações?
Carmem: É difícil dizer, posso ser injusta esquecendo algum nome,  gosto muito de ler então algumas influências: Fernando Pessoa, Drummond, João Cabral de Melo Neto, Rimbaud, Baudelaire, Antonio Cicero, Rilke, Alberto Pucheu, Edigard allan Poe, etc , etc e quanto  a inspiração acontece quando menos espero.
Meus pensamentos: (sei que seus olhos brilharam quando voce escreveu Antonio Cicero e Pucheu... um lindo poeta e um professor espetacular)

Eu: Você lembra qual foi o primeiro livro que você leu?
Carmem: Que difícil, me apaixonei pela literatura ainda em criança, vou chutar: ‘O morro dos ventos uivantes’ li 3 vezes e o conto ‘William wilson’ de Allan Poe.

Eu: Quais os seus projetos para o futuro? Teremos mais Carmem Maria Bastos?
Carmem: Futuro...isso me assusta, acho que nós o construímos a cada dia, conforme nossas ações. Pretendo continuar fazendo o que gosto: estudar, escrever e aprimorar meu trabalho.
Meus pensamentos: (humm espero que o boato sobre o livro de contos seja verdade...)

Se você desejar adquirir o livro da Carmem Maria Bastos, está disponível para compra no site da Editora Multifoco
http://www.editoramultifoco.com.br/literatura-loja-detalhe.php?idLivro=971&idProduto=1000

Espero que vocês tenham gostado da entrevista, segue o meu poema favorito:

Racional

Mas quando é que foi que a racionalidade fez sentido?
Ou será que estamos em nossa casa acorrentados?
Pensar é transtornar. Extrapolar.
Pense e o mundo te olhará enviesado,
porque já se acostumou com a inércia habitual, com o não-combate.
O pensamento castiga, isola.
Será que a maioria das pessoas quer este preço tão alto?
O preço da expulsão do paraíso, da dor certa, da inquietude...
Há somente dois séculos realmente olhamos para nós
Veja a borboleta.
Suas cores estão mortas e não há beija-flores aqui!
Tudo é cinza
Coração enegrecido.
Saiu-se da caverna
Do esconderijo, o sol é um só.

Carmem Maria Bastos - No limite do Verso


N. Reis