terça-feira, agosto 15

Resenha do livro Enraizados, de Naomi Novik

Por Vanessa Reis da Silva

O livro, 2017, tem tudo para ser uma obra maravilhosa e excepcional, só esperando os leitores descobrirem essa grandiosidade.
Agnieszka é uma jovem de 17 anos que vive em um pequeno vilarejo com sua família. Mas sua vida está prestes a mudar, e tudo indica que perderá sua melhor amiga Kasia para o Dragão, um mago que protege toda vila da terrível Floresta corrompida que circunda o vale. A cada 10 anos uma jovem nascida no mês de outubro é levada à torre do Dragão para servi-lo por 10 anos. Agora, Nieszka e Kasia fazem parte do grupo de meninas que podem ser escolhidas, e todos acreditam que será a bela e corajosa Kasia, treinada a vida inteira para servir ao grande mago, mas algo de surpreendente acontece e a escolhida é Agnieszka.
Um livro cheio de magia, mistério e muitas surpresas nessa imprevisível relação do Dragão com sua nova “aprendiz”, afinal as moças são capturas não apenas para cozinhas e fazer companhia ao mago, há sempre magia envolvida, e Nieszka supreendentemente é cheia dela.
Uma história com reviravoltas e emoções. Que nos faz vibrar e prender a respiração em todos os capítulos. Uma narrativa debruçada em contos de fadas que nós, ocidentais, não tínhamos ideia que existiam. Uma Floresta encantada cheio de andarilhos e criaturas corrompidas.
Mas acho que o que realmente nos empolga é a relação de ódio, intolerância e grandes descobertas entre o Dragão e Agnieszka.
Você está esperando o que para criar raízes nessa história!?



quarta-feira, fevereiro 22

Gravidez


Eu NAO to grávida! So pra deixar claro! Mas tenho várias amigas mamães e uma querida está gravidissima, esperando um príncipe pra compor nossa ilustre corte. Ja exibe uma barriguinha saliente e uma felicidade estampada no rosto.
Pra nós, adultos, meros mortais acostumados com a vida, não é nada difícil de entender uma gravidez . Mas como explicar pra uma criança que há um bebê a caminho?
Gente, pensa comigo: existe um bebê, mas cadê o bebê? Ninguém ta vendo (nem na ultra.. Aquilo é um monte de borrão). A criança olha.. Olha de novo.. Olha outra vez.. Todo mundo sorrindo e acariciando a barriga da felizarda, dizendo que tem bebê.. Mas CADÊ O BEBÊ?? "ta dentro da barriga"! Ótimo a criança vai achar que o bebe foi engolido ou sei la o que se passa nessas lindas cabecinhas..
Convenhamos que nao é lá muito fácil de entender esse mecanismo. Nem a gente que ja entende de onde vem a tal cegonha. Carregar uma vida dentro de outra vida é o sumo da abstração e do maravilhoso. É um verdadeiro milagre e algo que pensando bem nao é lá muito coerente. Tem bebê , mas nao vejo bebê.
Você tem razão, Laura, é difícil de entender. Mas vamos lá aceitar essa loucura e encher a barriga da tia Jaque de beijo enquanto nao podemos fazer isso com o rei Arthur!
Vanessa Reis

sexta-feira, janeiro 27

Minúscula resenha sobre Hibisco Roxo, Chimamanda Ngozi Adichie




“(...) O quadro se fora. Ele já representava algo perdido, algo que eu jamais tivera, que jamais teria. Agora, mesmo aquela lembrança se fora, e em volta dos pés de Papa estavam espalhados pedaços de papel pintados de cores terrais. Os pedaços eram muito pequenos, muito precisos. De repente, enlouquecidamente, imaginei o corpo de Papa-Nnukwu sendo cortado em pedaços daquele tamnho e guardado numa geladeira.
- Não! – gritei.
Corri para os pedaços no chão como se quisesse salvá-los, como se salvá-los fosse salvar Papa-Nnukwu. Atirei-me no chão, deitei sobre os pedaços de papel.” p.222


A citação é imensa e confesso que minha vontade era encher o post de citações desse livro espetacular. Leitura de férias, preparação para participação do encontro #leiamulheres, esse foi o livro que preencheu meus dias e me fez refletir mesmo quando fazia coisas corriqueiras do dia-a-dia. Chimamanda, com sua escrita direta e reflexiva, deu voz a uma adolescente nigeriana, silenciosa, mas muito reflexiva.
Kambili é uma jovem de mais ou menos 15 anos (posso me confundir nos detalhes), criada numa família nigeriana católica, tradicional e muito rica. Seu Papa é um homem muito religioso e generoso, pronto para ajudar a todos sem nada esperar em troca, nem elogios, mas dentro de casa cria seus filhos e trata sua esposa a ferro e fogo (quase que literalmente), sempre com base nos ensinamentos que recebeu dos jesuítas que “converteram” os nigerianos, e essa identidade dúbia confundi o leitor e dificulta a própria compreensão de quem é esse pai. Toda a história de Kambili começa a mudar quando é convidada, juntamente com seu irmão Jaja, a passar algumas semanas na casa de sua tia Ifeoma. Lá tanto Kambili como Jaja desabrocham e descobrem uma vida além daquela que eles vivem, uma vida de sorrisos, opiniões e muito familiar. Na companhia dos primos e do padre Amadi, Kambili vê sua vida ser transformada pouco a pouco. Lá ela conhece um pouco de seu Papa-Nnukwu (com quem nem deveria ter contato, já que seu pai a proibira, visto que seu avó era um pagão), e percebe que o amor e a família estão além da religião.
Hibisco Roxo é de uma beleza e raridade (como a própria flor) que encanta e seduz o leitor. Prendendo do começo ao fim, é uma trama com reviravoltas surpreendentes e vários pontos de interrogação. Você termina a leitura e permanece sentada, como Kambili, refletindo sobre tudo o que viveu naquelas páginas.

Nota 10 para esse romance. Super indico.

Vanessa Reis


VOLTEI!!!!



Eu voltei, e agora é pra ficar! Por que aqui, aqui é o meu lugar!!!

Olá Galera!
Voltei! E espero ficar por bastante tempo.
Atualizar esse blog com informações, resenhas de livros e filmes, contos e crônicas, entrevistas e qualquer outra coisa que eu queira!

Então, aproveitem o passei, e não esqueçam de comentar!

Beijos imensos.
Vanessa Reis

quinta-feira, agosto 15

Andar de trem é...










Se você, como eu, mora longe do trabalho/escola/faculdade/resto do mundo, e depende do transporte público “de qualidade” desse país, vai entender cada linha desse texto.
Andar de trem é algo surpreendente. O trem sai da estação de origem cheio, chega nas próximas estações e enche um pouco mais, você entra e percebe que ele está abarrotado, duas estações depois da sua e pronto, ele está lotado, ninguém mais entra só sai... hahaha, pegadinha do malandro. Quem está em pé na estação aguardando o trem tem uma perspectiva muito diferente da sua, há espaço sim para mais gente entrar, é só empurrar e comprimir. E nem pense em reclamar, está todo mundo no mesmo barco, ou melhor, no mesmo trem que você. Todos necessitam chegar a algum lugar.
Se você nunca andou de trem, ou nunca andou num horário crítico, ai via alguns bons (só que não) motivos pelos quais você deveria andar.
Andar de trem é...
1. Desafiar a lei de Newton.
Newton nunca andou de trem no horário do rush, logo ele não tinha noção de que dois corpos ocupam o mesmo lugar no espaço SIM SENHOR! Eu disse dois? Doce ilusão, uns quatro ocupam o mesmo lugar. Como? Ah, apertando aqui, comprimindo ali, se tornando um com o outro... essas coisas. Vai, tenta, você consegue desmentir o melhor físico de todos os tempos.

2.  Ser molestado e não poder reclamar
Os tarados devem adorar andar de trem. Imagina você poder sarrar, encoxar, passar a mão no peitinho e não receber um tapão no meio das fuças. Eu gostaria de bater, mas no trem lotadão todos te molestam, até as bolsas. Conclusão, faça cara feia e um escândalo se o cara só sarra você, se recusando a ser levado pela multidão, esse ai esta de maldade. Os outros, que só passam são produtos do meio, se forem espertos te molestam e você nem vai saber, afinal há bolsas, celulares, guarda-chuvas te assustando ao mesmo tempo.

3.Colocar seu relacionamento a prova
Seu namorado (a), noivo(a), marido/mulher sabe que você anda de trem? Pois é, mas ele(a) não sabe o quão grudado estava o seu corpo (quase se fundindo) no corpo daquele gato(a). Eu sei, eu sei, o trem estava lotadão, mas convenhamos seu companheiro poderia ter um ataque de ciúme se soubesse... eu teria.

4. Paquerar
Você está solteiro(a)? Ande de trem! Parece self-service, tem gente pra todos os gostos. A troca de olhares entre os passageiros é inevitável, então sonde o ambiente, alguém pode capturar o seu olhar e você pode até gostar. ;)

5. Ser solidário com a dificuldade do outro
Andar de trem é difícil, todos pisam no seu pé, e você pisa no pé de todos. Todos te apertam, e você aperta a todos. Algumas pessoas são super cheirosas, outras fedem tanto, que parece que o sabonete era feito de essência de gambá. Você e o passageiro ao lado estão no mesmo perrengue, então se ele bater em você com a mão, o cotovelo, a bolsa não faça escândalo, provavelmente você fez a mesma coisa com o passageiro do outro lado.

6. Um teste de paciência e bom humor
Não adianta reclamar, não adianta repetir que está atrasado, não adianta pedir ao outro passageiro para ele não te apertar. Está todo mundo no mesmo trem lotado e atrasado. Então, só te resta tirar o bom humor do bolso e fazer piada. Não achou graça? Pegue um taxi.

7. Fazer drenagem linfática em grupo e 0800
Está gordinho(a), com peles sobrando? Eu tenho a solução! Ou melhor, os passageiros do trem têm a solução para o seu problema. Todos serão solidários, e por apenas R$ 2,90 (trem do Rio) você chega ao seu destino e ganha no trajeto uma drenagem linfática! Fique lindo(a) e fino(a) em apenas uma viagem de quase uma hora!

8. Colocar o sono em dia
Seu sono está atrasado? No trem você o coloca em dia. E não se preocupe se não conseguir segurar no ferro para encostar a cabeça no braço, você pode se escorar nos passageiros-amigos. Todos tão pertinhos que nem precisa se preocupar em perder o equilíbrio.

E de agora em diante, ande mais de trem, faz bem a saúde!


N. Reis



segunda-feira, março 11

No limite do Verso

"Afina, qual é o limite do verso?
Quando chegamos ao horizonte?"
"Plenamente" - No limite do verso



No limite do verso é o primeiro livro de Carmem Maria Bastos, uma escritora que veio para abalar as estruturas da poesia brasileira moderna. 
Já no seu primeiro livro sentimos o impacto das palavras e da forma, somos lançados a todo momento no vazio e puxados à tona sem aviso. Seu primeiro impulso é lê-lo num estirão, para depois ser arrastado a uma nova e profunda leitura de cada poema minuciosamente.

A autora me presenteou com uma entrevista sobre seu livro, suas influência e os planos para o futuro. Confira abaixo.

Eu: Você sempre quis ser escritora? Ou poeta? 
Carmem: Bem isso exige muita reflexão de minha parte. Sempre escrevi contos, crônicas e poemas, no entanto eu achava que os poemas eram isolados e para meu espanto com o tempo comecei a ver que eles eram mais presentes do que eu imaginava. Digo, sempre acabo escrevendo de algum modo, poeticamente do contrário tenho que parar e me concentrar muito. qdo escrevo poemas estou de certa forma a serviço da poesia tenho a inspiração e depois trabalho muito em cima dela, não posso escrever um poema mecanicamente, pq ele não é dado de pronto, uso técnica sim mas isso é bem depois, qdo já há o ‘esqueleto’ já com os contos acho que o processo é mais mecânico desde o início porque sabemos qtos personagens queremos, como eles são, qual o enredo, etc, na poesia não dá para saber onde vai o poema.
Meus pensamentos: (e eu que pensei que era só sair escrevendo)


Eu: Como surgiu a ideia de publicar um livro?
Carmem: Como falei sempre escrevi ,mas publicar não passava em minha mente, por motivos óbvios como mercado e até timidez mesmo. Comecei a pensar na publicação por conta dos amigos. Eles gostavam dos textos, pediam e sempre me convocavam para escrever e também houve incentivo de muitos de meus professores então comecei este caminho.

Eu: Quando começou a ser gerado o No limite do verso?
Carmem: Há mais ou menos 2 anos, quando eu só sabia o título.

Eu: Qual o seu poema preferido no seu livro?
Carmem: Meu preferido é o ‘Final’ fiquei muito contente em ter conseguido termina-lo, levei 3 meses.

Eu: Quais foram suas maiores influências, inspirações?
Carmem: É difícil dizer, posso ser injusta esquecendo algum nome,  gosto muito de ler então algumas influências: Fernando Pessoa, Drummond, João Cabral de Melo Neto, Rimbaud, Baudelaire, Antonio Cicero, Rilke, Alberto Pucheu, Edigard allan Poe, etc , etc e quanto  a inspiração acontece quando menos espero.
Meus pensamentos: (sei que seus olhos brilharam quando voce escreveu Antonio Cicero e Pucheu... um lindo poeta e um professor espetacular)

Eu: Você lembra qual foi o primeiro livro que você leu?
Carmem: Que difícil, me apaixonei pela literatura ainda em criança, vou chutar: ‘O morro dos ventos uivantes’ li 3 vezes e o conto ‘William wilson’ de Allan Poe.

Eu: Quais os seus projetos para o futuro? Teremos mais Carmem Maria Bastos?
Carmem: Futuro...isso me assusta, acho que nós o construímos a cada dia, conforme nossas ações. Pretendo continuar fazendo o que gosto: estudar, escrever e aprimorar meu trabalho.
Meus pensamentos: (humm espero que o boato sobre o livro de contos seja verdade...)

Se você desejar adquirir o livro da Carmem Maria Bastos, está disponível para compra no site da Editora Multifoco
http://www.editoramultifoco.com.br/literatura-loja-detalhe.php?idLivro=971&idProduto=1000

Espero que vocês tenham gostado da entrevista, segue o meu poema favorito:

Racional

Mas quando é que foi que a racionalidade fez sentido?
Ou será que estamos em nossa casa acorrentados?
Pensar é transtornar. Extrapolar.
Pense e o mundo te olhará enviesado,
porque já se acostumou com a inércia habitual, com o não-combate.
O pensamento castiga, isola.
Será que a maioria das pessoas quer este preço tão alto?
O preço da expulsão do paraíso, da dor certa, da inquietude...
Há somente dois séculos realmente olhamos para nós
Veja a borboleta.
Suas cores estão mortas e não há beija-flores aqui!
Tudo é cinza
Coração enegrecido.
Saiu-se da caverna
Do esconderijo, o sol é um só.

Carmem Maria Bastos - No limite do Verso


N. Reis
 

domingo, janeiro 20

Impossível



Ela entrou na sala exalando o perfume que fora presente de aniversário. Eu a queria, queria sentir aquele perfume diretamente do seu corpo, e não solto no ar; queria cuidar dela, leva-lá para todos os lugares, tê-la ao meu lado. Mas se existia algo impossível no mundo era ter aquela mulher para mim. "Por quê?" talvez você me pergunte; "nada é impossível" talvez você me aconselhe. É impossível, eu afirmo.
Se eu fora atingido pelas flechas do cupido e terminei por amar aquela mulher, eu que a amasse em silêncio, sofresse em silêncio.
Tinha um sorriso divino, e o dirigia a mim seguido de um cordial "oi, você está bem?". Minha resposta se repetia sempre que ela estava por perto: "Indo... um dia melhora.". Ela gargalhava e dizia que um dia eu lhe daria uma resposta diferente. Eu duvidava, só melhoria no dia que ela fosse minha, isto é, nunca.
E então ele entra: forte, bonito, seguro de si, a toma em seus braços e beija seus lábios. Morro de inveja e ciúme. Os sentimentos dentro de mim entram em confusão (é sempre assim): ódio, amor, arrependimento, tristeza, desespero...
Eu queria aquela mulher, mas era ele quem a tinha..
-- Irmãozinho, eu e Gisele vamos ver um filme. Quer ir com a gente?
-- Hum, não, não. Tô tranquilo, vou jogar um videogame e dar um volta na rua... Bom filme pra vocês.

Ir ao cinema com a mulher que eu amo enquanto outro a beija... acho melhor não.

N. Reis