quinta-feira, novembro 3

sexta-feira, agosto 12

Lixos??

Sempre achei os bairros sujos, alguns piores que outros, é claro. Mas aquilo era muito desleixo do governo, só porque era perto de uma favela não havia coleta de lixo? absuro, absurdo!
Era um amontoado de panos, as vezes papeis, sempre encostado nas muretas ou em carros abandonados. Não sei que cheiro tinha o lixo, a janela do onibus sempre estava fechada, lugar perigoso, sabe como é...
E então um dia, passando por aquele mesmo lugar, notei o lixo novamente, e tive a curiosidade de prestar a devida atenção no conteúdo: eram cobertores, papelões, braços, pernas, cabelos desgrenhados...
O pouco caso do governo não era pela limpeza das ruas, e sim pela vida alheia... lixo? lixo a comlurb cata, e pessoas? aquelas que não tem um teto para cobrir suas cabeças e são obrigadas a dormi nas ruas, ou aquela que estão tão destruidas pelas drogas que não se dão ao luxo de lembrarem aonde moram e dormem onde o sono bate? a comlurb irá catá-los também, ou talvez enviem uma kombi que as levará a um abrigo... Por quanto tempo? Até elas fugirem novamente e se amontoarem como um monte de lixo.

É... os bairros são sujos mesmo...

N. Reis


terça-feira, julho 26

A velhice



Nunca me preocupei com a velhice, afinal é natural não é!?
Vejamos: a pessoa nasce, cresce, atinge a maturidade (algumas não), envelhece e depois morre. Duro? Não, somente a lei da vida. É claro que hoje algumas nem envelhecem, mas a regra geral ainda é essa; então isso nunca me assustou tanto.

Mas fui surpreendida naquela tarde, quando segurei a mão de minha bisavó, tão enrugada, com tantas marcas de que os anos enfim chegaram para ela. A sensação que me assolou foi de medo, um medo profundo, se a velhice a tinha abraçado, adivinha quem é que estava aguardando para entrar em cena!???? pois é.
Foi apavorante.
Segurei suas mãos, acariciei, cheirei e fiquei olhando por longos momentos, lembrando das vezes que vi aquelas mãos cozinhando, arrumando, gesticulando, amassando amendoim para fazer a melhor paçoca do mundo!

Percebi que enfim me preocupava com a velhice, não porque ela deixava as pessoas enrugadas e frágeis... não... isso não me apavora. O problema é que com a velhice vem a sensação de que cada segundo é promissor, unico e desconhecido.
Aproveitarei os poucos momentos que visito minha velhinha, enquanto ela tem missão na Terra.
E os outros que estão envelhecendo, posso ter o privilégio de hoje estar mais ao lado deles, não como eu queria, mas mais do que antes, sem dúvida.

N. Reis

sexta-feira, fevereiro 11

Como a pétala de uma Rosa

"Terei toda a aparência de quem falhou, e só eu saberei se foi a falha necessária." Clarice Lispecto




Esperei que sua resposta fizesse marcas profundas no meu coração, como uma navalha ou um bisturi estremamente afiado. Entretanto, senti pontadas suaves, como se os espinhos de uma rosa me ferissem sem querer.

Como um
Lord você foi suave e sincero.
Nada de hipocrisia: doeu. Eu queria tê-lo em meus braços, mas você pertence a outra. Talvez alguem que não te mereça, mas isso não interessa; você não é meu.

Aguardei para ver o estrago que suas palavras provocariam em meu coração, já tão remendado por outros amores perdidos.
Mas foi como se as pétalas de uma rosa passassem, suavemente, pelas feridas que os espinhos tinham provocado. A dor era inevitável, mas sua atitude fez meu sofrimento ser opcional.
Opinei por não sofrer.
Sei que sobreviverei.

N. Reis

sexta-feira, fevereiro 4

Apenas um instante do dia




Repousei minha cabeça em seu ombro e involuntariamente você me abraçou.
O movimento do ônibus nos embalava, o dia havia sido cansativo.
Segurei sua mão, um simples gesto só para poder tocá-lo, sentí-lo mais junto a mim, mais meu.
Seria interessante ver o mundo se esvaindo naquele momento em que palavras não precisariam ser ditas, só dois corpos em contato eram suficientes.

N.Reis

segunda-feira, janeiro 24

Amado

Ouvi hoje uma musiquinha da Vanessa da Mata, propício, ouve ai...




N.Reis