
Ele caminhava lentamente pela areia. O vento gelado batendo sem pena no rosto, lançando os cabelos desgrenhados em direções desordenadas. A água gelada batia nos pés descalços, respingando sobre a calça enrolada na altura do tornozelo; o casaco protegia os braços dos 18° que faziam.
Sua mente vagava, a ponto do frio ser um mero detalhe, seu corpo estava naquela praia, sentia aquele vento gelado; sua mente... no dia anterior.
As malas estavam prontas, postas ao lado da porta. eles, de pé um em frente ao outro, olhos fixos, lábios trêmulos e no peito a dor do último adeus.
- Você tem certeza que esta fazendo a escolha certa? - perguntou ele com os olhos suplicantes - ainda esta em tempo de mudar de idéia.
- Nós já discutimos sobre isso, é a oportunidade que eu estava esperando, não posso, e não quero, desperdiçar.
- Eu te amo tanto, tinhamos tantos planos...
- Não! você tinha planos, e sempre esquecia de me incluir neles. Então eu tive que fazer os meus sozinhas... e agora eu estou realizando.
E então ela se foi. Pegou as malas e partiu.
Ele repassou todo o relacionamento enquanto caminhava. O vento ricocheteando sobre a pele como um martelo sobre o peito. Não conseguia distinguir qual dor era a mais intensa, se a dor de perder a mulher que ele tanto amava ou a dor de saber que ela tinha razão... ele não soubera amá-la, infelizmente.

