domingo, agosto 15

...No Rosto...


Ler ao som de Please don't stop the rain - James Morrison

Ele caminhava lentamente pela areia. O vento gelado batendo sem pena no rosto, lançando os cabelos desgrenhados em direções desordenadas. A água gelada batia nos pés descalços, respingando sobre a calça enrolada na altura do tornozelo; o casaco protegia os braços dos 18° que faziam.
Sua mente vagava, a ponto do frio ser um mero detalhe, seu corpo estava naquela praia, sentia aquele vento gelado; sua mente... no dia anterior.


As malas estavam prontas, postas ao lado da porta. eles, de pé um em frente ao outro, olhos fixos, lábios trêmulos e no peito a dor do último adeus.
- Você tem certeza que esta fazendo a escolha certa? - perguntou ele com os olhos suplicantes - ainda esta em tempo de mudar de idéia.
- Nós já discutimos sobre isso, é a oportunidade que eu estava esperando, não posso, e não quero, desperdiçar.
- Eu te amo tanto, tinhamos tantos planos...
- Não! você tinha planos, e sempre esquecia de me incluir neles. Então eu tive que fazer os meus sozinhas... e agora eu estou realizando.
E então ela se foi. Pegou as malas e partiu.

Ele repassou todo o relacionamento enquanto caminhava. O vento ricocheteando sobre a pele como um martelo sobre o peito. Não conseguia distinguir qual dor era a mais intensa, se a dor de perder a mulher que ele tanto amava ou a dor de saber que ela tinha razão... ele não soubera amá-la, infelizmente.

N. Reis

Um comentário:

  1. Que triste...Ao som da música sugerida então... Achei excelente a ideia da trilha sonora.

    Retomando o assusnto, acho que tudo, um dia, acaba, tudo passa, inclusive o amor. É muito triste constatar que os planos que você fez, que os sonhos que tinham juntos, que todas as coisas pelas quais passaram, passaram simplesmente. Posso estar enganada e posso, no futuro, mudar minhas opiniões. Posso ficar velhinha ao lado de alguém, posso constatar que existe amor pra vida toda. Que duas pessoas possam se amar pela eternidade. Mas hoje, a eternidade é o agora, do amanhã nada sei.

    Vou levando assim. Enquanto me faz feliz, continuo. Quando não mais suprir a sede que tenho da inovação, do calor, da aventura, da palpitação, do nervosismo, do amor bem vivido e não do comodismo a dois, segueirei meu caminho. Sozinha, talvez.

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Palavras que o vento NÃO leva...