terça-feira, julho 26

A velhice



Nunca me preocupei com a velhice, afinal é natural não é!?
Vejamos: a pessoa nasce, cresce, atinge a maturidade (algumas não), envelhece e depois morre. Duro? Não, somente a lei da vida. É claro que hoje algumas nem envelhecem, mas a regra geral ainda é essa; então isso nunca me assustou tanto.

Mas fui surpreendida naquela tarde, quando segurei a mão de minha bisavó, tão enrugada, com tantas marcas de que os anos enfim chegaram para ela. A sensação que me assolou foi de medo, um medo profundo, se a velhice a tinha abraçado, adivinha quem é que estava aguardando para entrar em cena!???? pois é.
Foi apavorante.
Segurei suas mãos, acariciei, cheirei e fiquei olhando por longos momentos, lembrando das vezes que vi aquelas mãos cozinhando, arrumando, gesticulando, amassando amendoim para fazer a melhor paçoca do mundo!

Percebi que enfim me preocupava com a velhice, não porque ela deixava as pessoas enrugadas e frágeis... não... isso não me apavora. O problema é que com a velhice vem a sensação de que cada segundo é promissor, unico e desconhecido.
Aproveitarei os poucos momentos que visito minha velhinha, enquanto ela tem missão na Terra.
E os outros que estão envelhecendo, posso ter o privilégio de hoje estar mais ao lado deles, não como eu queria, mas mais do que antes, sem dúvida.

N. Reis

3 comentários:

  1. Concordo contigo. Se me permite, faço de suas palavras as minhas. Que o gosto amargo da perda, de um ente querido, não sobrepuja suas lembranças e fundamentalidade de sua passagem por nós. Não sou o mais indicado para argumentar sobre isso mas, acho que o jeito é aceitar e quem tiver um viés melhor, apresente-me.

    Bjo, adorei seu post.

    ResponderExcluir
  2. Nossa so vc sabe por vezes repetidas como vc me emociona com suas palavras gestos e atos nao é mesmo minha sobrinha?
    mais hj quao profunda e esmagadora forma esta que vc usou hj para me trazer de volta ao mundo e a realidade da vida como ela é... Eu que estive tao proxima a essa nossa vozinha e que hj sou ate sua vizinha, como posso ter a displiscencia de abandonar akela que me amparou, que cortou meu cordao humbilical e me trouxe a vida?
    Obrigada minha linda por ter me dado hj o tempo de aproveitar o tempo que Deus ainda nos concede de ter uma pessoa tao linda e tao especial, com maos cansadas que ja nao fazem mais akela paçoca sim, mas com braços frageis e tao acolhedores para receber e nos ainda aquecer com um tao gostoso abraço como o que eu recebi hj ao chegar la depois do seu lindo despertar e o tao famozo DESPERTA MENINA ACORDA!!!!!!!!!!!VAMOS LÁ!
    E eu fui e me diverti muito como nos tempos de menina.
    SALAMALEIKO!

    ResponderExcluir
  3. Olá, amiga

    Nos últimos dias tenho pensado muito nisso. Velhice, idade, tempo, saúde, sempre foram coisas que me preocupavam muito e continuam a me preocupar. Lido diariamente com esse medo na minha casa, quando paro e olho pros meus pais e vejo que tempo tem sido cada vez mais veloz, quando olho para minhas colegas de trabalho já com a idade avançada e com o ritmo cada vez mais lento. Eu não consigo aceitar a ideia de que um dia todos nós morreremos, é dificil demais pra mim. Lidar com isso é doloroso e triste.

    Enquanto isso, a gente vai levando. Fingindo acreditar que aceitamos a lei da vida. Fingindo que sabemos lidar com o tempo e com as perdas... Acho que assim é menos doloroso todo o processo.

    Um beijo e parabéns pelo texto tão emocionante.

    ResponderExcluir

Palavras que o vento NÃO leva...